quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Bíblia e os livros apócrifos

Quando Constantino proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no Império Romano, no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador Eusébio de Cesaréia (263–340) tenha conseguido demonstrar ao imperador o quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, porque o imperador encomendou 50 cópias para igrejas de Constantinopla. Provavelmente, esta tenha sido a primeira vez que o Antigo e o Novo Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia.

Lembro de algumas vezes em que pessoas falavam que cada religião tinham sua Bíblia, e que algumas foram alteradas, já que alguns grupos religiosos suas Bíblias possuem livros a mais ou a menos que outros.

Porque cada religião tem uma Bíblia com livros a mais ou a menos? Qual é a verdade?
É importante destacarmos que:

A Bíblia do judaísmo rabimista e do judaísmo caraíta, possui 39 livros, ou seja, apenas o velho testamento.
A Bíblia do judaísmo ebionita, possui 40 livros, sendo o velho testamento mais uma versão do evangelho de Mateus.
A Bíblia da igreja ortodoxa síria contém 61 livros.
A Bíblia do protestanismo contém 66 livros, todos do velho testamento e do novo testamento.
A Bíblia da igreja católica romana, contém 73 livros.
A Bíblia da igreja ortodoxa grega, contém 80 livros.
A Bíblia da igreja ortodoxa etíope, contém 91 livros.

A razão de algumas terem menos livros do que a do protestanismo, e que contém apenas o velho testamento, já que não acreditam no Jesus do novo testamento como filho de Deus. Alguns possuem mais livros, esses são livros apócrifos e pseudo-epígrafos conhecido como deuterocanônico nos grupos religiosos em que os usam.

Esses livros contém muitas heresias(mentiras), lendas, erros históricos e geográficos.

Um exemplo de heresia e que esses livros ensinam que Esmolas e Boas Obras - Limpam os Pecados e Salvam a Alma Tobias 12.8, 9 - "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna". Eclesiástico 3.33 - "A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados"

a) Este ensino é terrível, e se encontrar basicamente em todas a seitas heréticas.

b) A Salvação por obras, destrói todo o valor da obra vicária de Cristo em favor do pecador. Se caridade e boas obras limpam nossos pecados, nós não precisamos do sangue de Cristo. Porém, a Bíblia não deixa dúvidas quanto o valor exclusivo do sangue como um único meio de remissão e perdão de pecados:
Hb 9:11, 12, 22 - "Mas Cristo... por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção ...sem derramamento de sangue não há remissão."
Rm 3.20, 24, 24 e 29 - "Ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei.. sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. A quem Deus propôs no seu sangue.... Concluímos, pois, que as esmolas não apaga nossos pecados, sim o sangue de Cristo Jesus.

Alguns exemplos de livros apócrifos e suas heresias:

TOBIAS - (200 a.C.), é uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael. Apresenta:
Justificação pelas obras - 4:7-11; 12:8.
Mediação dos Santos - 12:12.
Superstições - 6:5, 7-9, 19.
Um anjo engana Tobias e o ensina a mentir 5:16 a 19.

JUDITE - (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.

BARUQUE - (100 d.C.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo. Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.

ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:· justificação pelas obras - 3:33,34· trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42:1 e 5· incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28

SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 d.C.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã). Apresenta: · o corpo como prisão da alma - 9:15· doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma 8:19 e 20· salvação pela sabedoria - 9:19

1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da família dos "Macabeus", que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D) lutaram contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.

II MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.Apresenta: · a oração pelos mortos - 12:44 - 46· culto e missa pelos mortos - 12:43· o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27· intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14

ADIÇÕES A DANIEL: Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a necessidade da idolatria.capítulo 3:24-90 - o cântico dos 3 jovens na fornalha.

Estes livros surgiram no período de aproximadamente 400 anos entre Malaquias e João Batista, conhecido como o "período intertestamental" ou "interbíblico". Este tempo foi caracterizado pelo silêncio profético, de modo que não houve nele profetas de Deus como os antigos profetas do Velho Testamento. O período intertestamental foi agitado e conturbado. Os livros apócrifos manifestam as incertezas e esperanças do período. A maior parte destes livros foi escrita entre os anos 200 a.C. e 100 d.C.. Foram escritos e distribuídos em grego, embora alguns tivessem originais hebraicos.

O que ocorre, contudo, é que tais livros nunca fizeram parte da Bíblia. Como se verá, nem a igreja, nem os judeus acreditavam nestes livros. A postura da igreja romana no Concílio de Trento foi equivocada e contrária à sua própria tradição.
Jesus citou e aceitou o cânon judaico, mais esses livros não faz parte dele, já que os judeus não acreditam nos livros apócrifos.

As Igrejas Não-Calcedocianas (que não aceitaram o Concílio da Calcedônia que determinou a dualidade de naturezas de Cristo) como a Igreja Ortodoxa Etíope, aceitam como canônicos todos os livros aceitos pela Igreja Católica, como também 1, 2 e 3 dos Macabeus, o Salmo 151, 1 Esdras, além dos livros de Enoque e os Jubileus (estes dois últimos não se encontram na Septuaginta). O Novo Testamento deles também é diferente, eles incluem "Atos de Paulo", "1 Clemente", "Pastor de Hermas".

As outras Igrejas Ortodoxas possuem o mesmo Novo Testamento católico, mas além dos livros do Antigo Testamento aceitos pela Igreja Católica, recebem também como canônicos o Salmo 151, 3 Macabeus, 1 Esdras e a Oração de Manassés. Esta determinação figura nos Concílios Ortodoxos de Jassy (1642) e Jerusalém (1672).

Septuaginta (ou Tradução dos Setenta)
Esta foi a primeira tradução da Bíblia. Realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.

2 comentários:

Márcio Martins disse...

vc diz que não houveram profetas inspirados nesse periodo de 400 anos que antecede o novo testamento. Mas eu gostaria q vc provasse isso biblicamente, por favor.

Raphael Ramos disse...

Nino os últimos profetas que tiveram suas obras reconhecidas e incorporadas no velho testamento (Bíblia Hebraica) foram Ageu, Zacarias e Malaquias, velho testamento no qual a igreja primitiva usava.

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